Na rotina acelerada do dia a dia, entre compromissos, tarefas e cansaço acumulado, muitas vezes esquecemos o poder que nossas palavras têm sobre quem está ao nosso redor. Com as crianças, esse impacto é ainda mais profundo. Aquilo que falamos — ou deixamos de falar — pode moldar como elas enxergam o mundo, os outros e a si mesmas.
Quando usamos frases impensadas ou duras, mesmo sem intenção, podemos comprometer o desenvolvimento emocional dos pequenos, afetando sua autoestima, autonomia e capacidade de lidar com frustrações e emoções. Abaixo, listamos algumas expressões comuns que, segundo especialistas, merecem atenção redobrada.
O que você vai ler neste artigo:
Frases que prejudicam o equilíbrio emocional da criança
“Engole esse choro”
Pedir para a criança esconder o que sente invalida sua emoção. A psicopedagoga Renata Lima explica que essa atitude pode ensinar a criança a suprimir seus sentimentos, o que gera, ao longo do tempo, dificuldade em reconhecê-los e expressá-los de forma saudável. O ideal é acolher o choro e conversar sobre o que está por trás dele.
“Você é muito sensível”
Essa frase, muitas vezes dita com tom de crítica, pode fazer a criança se sentir errada por ter emoções intensas. Segundo o neuropsicólogo Carlos Mendes, sensibilidade não é fraqueza — é uma característica que, bem orientada, se transforma em empatia e inteligência emocional.
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“Se continuar assim, ninguém vai gostar de você”
Ameaças relacionadas ao amor ou aceitação social são especialmente danosas. A terapeuta infantil Lívia Monteiro alerta que esse tipo de fala associa o valor da criança ao comportamento, em vez de separar o que ela faz de quem ela é. Isso pode gerar insegurança e medo de rejeição.
“Você não entende nada mesmo”
Quando usamos rótulos negativos, reforçamos uma autoimagem distorcida. O pedagogo Felipe Duarte afirma que as palavras que os adultos repetem tendem a se tornar verdades internas para as crianças. Em vez de críticas genéricas, prefira comentários construtivos e incentive o aprendizado com paciência.
“Já falei mil vezes!”
Embora o sentimento de frustração seja compreensível, repetir essa frase com impaciência pode fazer a criança se sentir incapaz. A psicóloga Camila Freitas recomenda focar em reforços positivos, explicando de forma clara e ajustada à idade da criança. Repetir orientações faz parte do processo de aprendizagem.
“Quando eu era criança, fazia melhor que você”
Comparações com gerações passadas ou outras crianças geram frustração e sentimento de inferioridade. Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e respeitá-lo é essencial. Incentive conquistas pessoais sem estabelecer disputas invisíveis.